quarta-feira, 22 de julho de 2009

Onde Está o Negro na TV Pública


Apresentada durante painel sobre Programação e Modelos de Negócio, no
Primeiro Fórum Nacional de TV´s Públicas, a Pesquisa Onde Está o Negro na TV Pública, realizada pela Fundação Cultural Palmares/MinC chamou a
atenção dos participantes para a invisibilidade negro na TV pública
brasileira.

Apresentada durante painel sobre Programação e Modelos de Negócio, no Primeiro Fórum Nacional de TV´s Públicas, a Pesquisa Onde Está o Negro na TV Pública, realizada pela Fundação Cultural Palmares/MinC chamou a atenção dos articipantes para a invisibilidade do negro na TV pública brasileira. Em sua intervenção, o cineasta e consultor da Fundação Cultural Palmares, Joel Zito Araújo, destacou que o novo modelo de TV a ser gestado deve garantir a inclusão do negro e do índio em sua programação, bem como no corpo de apresentadores e jornalistas.

Os números levantados pela pesquisa da FCP comprovaram que após analisar a programação de três emissoras públicas de TV ( TV Cultura, de São Paulo, Rede Brasil, do Rio de Janeiro e TV Nacional/Radiobras, de Brasília) durante o período de 8 a 15 de abril deste ano, 0,9% da programação exibida pelas emissoras foram dirigidos à cultura afro-brasileira. O mesmo estudo aponta que menos de 10% dos apresentadores destes canais são negros e 5,5% dos jornalistas que atuam nas TVs públicas são de origem afro-descendente.

"Dados que confirmam o racismo e a exclusão da população negra e índia da programação televisiva nacional", indica o consultor. Joel Zito Araújo também chamou atenção para a necessidade de se vencer o racismo na mídia como um desafio para construir uma televisão democrática e com diversidade racial. "Se não houver por parte daqueles que financiam o interesse em promover a difusão da cultura negra e indígena na televisão, a tendência é continuarmos vendo uma televisão pública feita pela classe média branca para este mesmo grupo", salientou Joel Zito, bastante aplaudido pelas dezenas de participantes que acompanham as plenárias em Brasília.


Exclusão também na América Latina

Respondendo as observações apontadas por Joel Zito Araújo, o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, disse que a missão de promover a igualdade racial na programação das tevês públicas não é somente
um dever de seus dirigentes, mas uma obrigação por parte de todo o cidadão esclarecido. Senna cita que o racismo não é só presente na sociedade brasileira, mas também é cotidiano nos países latinoamericanos. Como exemplo, citou a sua participação nas reuniões de composição de programação da TV SUR, emissora de tevê do sistema Radiobras que integra o Brasil e os países latinos a partir de Brasília. "Digo que 98% da equipe que trabalhou na implantação da tevê era branca. Vimos apenas três negros e nenhum índio. Temos que ter coragem para resolver e solucionar a invisibilidade do negro na TV pública e na sociedade", conclamou o secretário.

Beth Carmona, presidente da TVE Brasil e relatora do painel sobre Programação e Modelos de Negócio disse que já há um esforço por parte das emissoras públicas em reverter este quadro de exclusão do negro. "Há um esforço das emissoras para garantir a inclusão de profissionais negros em suas equipes de trabalho", explicou, lembrando que o tema merece uma maior discussão.


Negros e índios fora da programação

O apoio a pesquisa também veio de inúmeros participantes. O diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), Pola Ribeiro constata que o racismo é presente no cotidiano da programação das tevês públicas.
Segundo ele, esta situação também é bastante presente na programação da tv pública na Bahia, estado conhecido pela predominância negra em sua população. Pola conta que em recente levantamento feito junto aos quadros funcionais da TV Educativa da Bahia (ligada ao IRDEB) foi constatada a não-existência de negros nas áreas de produção, reportagem e apresentação de programas jornalísticos. A partir deste levantamento, o diretor do IRDEB indica que a instituição está começando a implantar uma nova análise e construção de sua programação, pautando a cultura afro e indígena em suas
produções. "Este desafio é realmente nosso, porque temos o dever de construir uma sociedade plural", defendeu Pola Ribeiro.

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