quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Negros


Wangari Maathai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2004.
Os termos negro ou negróide são utilizados na classificação de grupos humano adotada em antropologia, correspondendo a uma raça. A noção de raça humana, do ponto de vista da Biologia, é atualmente muito contestada, no entanto no âmbito sociológico considera-se importante o estudo das características fenotípicas humanas e sua interpretação do ponto de vista social, sendo os grupos daí derivados, a grosso modo chamados de grupos raciais.
O termo "negro" pode, em sentido estrito, designar uma pessoa com fenótipos majoritariamente típicos dos povos de origem africana: pigmentação da pele escura, cabelo crespo, etc. Em sentido amplo, tem servido para descrever todos os descendentes de africanos, mesmo os miscigenados, desde que aparentem um mínimo de características físicas negras (mulatos, cafuzos, pardos, etc). Esta tem sido a posição do Movimento Negro no Brasil, e também a posição adotada pelo IBGE. Para tal, estes atualmente usam uma classificação segundo a qual a palavra preto é usada para identificar os que possuem aparência tipicamente negra, e o termo pardo usado para os que possuam aparência miscigenada.
No Brasil, pessoas com ascendência africana, mas que não possuam características fenotípicas deste grupo racial não são contabilizadas.
História do uso do termo
A palavra "preto" aparece no século X e designa uma pessoa de pele escura, mais particularmente originária da África subsariana. A palavra "negro" passa a ser adotada no século XV com a escravização de africanos por portugueses. Os espanhóis, porém, foram os primeiros europeus a usar "negros" como escravos na América. Por conseguinte, um dos primitivos sentidos da palavra negro era "escravo". Por este motivo, a palavra é considerada ofensiva em diversos países africanos e da Diáspora, como no Senegal e nos Estados Unidos, onde é empregada a palavra black que literalmente corresponde à palavra preto, ao invés de niger (negro).
Os portugueses são o segundo povo europeu a traficar escravos negros para as americas. Estes adotam a palavra negro designando primeiro, na sua língua, todos os escravos (por conseguinte também os escravos índios, chamados de "negros da terra"). Pouco a pouco, os portugueses passam a designar os africanos cada vez mais apenas com a palavra "pretos", enquanto os índios foram tratados de "selvagens" até 1970 na imprensa brasileira.[carece de fontes?]
Certos sociólogos brasileiros, como Clóvis Moura, consideram o termo "negro" o mais adequado para classificar o grupo racial ao qual a pessoa pertence. Argumentam ainda que existe uma grande resistência da sociedade brasileira na utilização do termo citado, em razão deste ser considerado, erroneamente, uma palavra preconceituosa. Para estes sociólogos, a palavra "negro" não possui conotação pejorativa, e que o receio em utilizar o termo dito correto se deve ao fato da sociedade brasileira, ao contrário do que pensa o senso comum, possuir uma forte carga racista em relação ao negro, oculta pelo mito da democracias raciais.
Em Angola é utilizada com o mesmo sentido, e com idêntica gama e subjectividade de conotações. Um indivíduo de raça negra, pode dizer-se orgulhoso de ser negro e sentir-se ofendido por ser chamado de preto[carece de fontes?]. É usada com muita frequência a palavra em gíria bumbo com idêntico significado. Esta, da mesma forma, pode ser tomada como ofensiva ou ser perfeitamente inócua e usada entre amigos.
Preconceito
O histórico de preconceito contra os negros é grande e decorre principalmente de sua condição de escravos, quando foram trazidos a países da América como o Brasil, os Estados Unidos e alguns países do Caribe. Durante o regime do apartheid, os negros eram postos à margem na África do Sul, não podendo ser considerados cidadãos de pleno direito. Algo semelhante acontecia também nos Estados Unidos, onde ainda hoje a miscigenação não é oficialmente tomada em consideração. Embora os negros já sejam considerados cidadãos comuns nesses países, ainda hoje vivem em condições de vida relativamente menos favorecidas do que as pessoas em geral. Hoje a palavra negro tem um sentido racista em numerosas línguas europeias (inglês, francês, alemão, holandês) devido à escravidão e a colonização[carece de fontes?].
Segundo estudos realizados pelo sociólogo David Willians, do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade de Michigan, os Estados Unidos, para cada dólar pago a um branco, um negro recebe o equivalente a 40% desse valor. De acordo com os Indicadores Sócio-econômicos do Censo norte-americano sobre a década de 1990, 7% da população branca vivia na pobreza, contra 32,4% da negra.
Em escala menor, existe também discriminação de negros na Europa, devido à recente migração de africanos para países como a França e a Itália.

Os negros no Brasil

De acordo com o PNAD de 2006, verificou-se que 6,9% da população brasileira se declara negra, enquanto 42,6% se declaram como "pardos" (como os mulatos, caboclos e cafuzos - pessoas com ancestralidade mesclada entre africanos, europeus e indígenas, exceto os caboclos, cuja identidade não está ligada a ancestralidade africana). Devido ao alto grau de miscigenação da população brasileira, há pouca precisão em identificar quem realmente pode ser chamado de "negro", prevalecendo o critério da auto-declaração. Para fins políticos do Movimento Negro, entretanto, consideram-se "negros" todos aqueles que têm alguma ancestralidade africana, mesmo que sejam, também, descendentes de europeus ou de índios.
A região brasileira com o maior número proporcional de negros na população é a Região nordeste, sendo o Estado da Bahia aquele com a maior proporção de negros na população, com 14,4% de pretos e 64,4% de pardos. O Estado de Santa Catarina é o que tem a mais baixa proporção de negros e pardos no Brasil, que, somados, são 11,7% da população.
Observa-se que os negros vivem numa condição de vida bem menos favorecida em relação à daqueles que se declaram de raça "branca" (européia). Isto é ocasionado especialmente pelo fator histórico da escravidão, que, ao ser abolida, não deu qualquer tipo de proteção especial aos negros, que permaneceram na pobreza.
Ainda assim, muitos argumentam que ainda há forte preconceito dentro da sociedade brasileira, o que seria uma forma a mais de dificultar a inserção do negro na sociedade. O último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), "A Hora da Igualdade no Trabalho", divulgado no dia 12 de maio, mostra que, apesar de avanços em alguns indicadores sociais, a situação de desemprego persiste na população negra brasileira: a renda mensal de um trabalhador negro é 50% inferior a do branco.

Negros em outros países

África

Todos os países da Africa Subsaariana têm população majoritariamente negra. Alguns países como a Namíbia e a África do Sul apresentam uma diversidade étnica maior, devido à colonização por europeus vindos principalmente da Alemanha, Reino Unido e Países Baixos. Na África do Sul, apesar de serem maioria étnica, tiveram vários direitos suprimidos pelos africâneres (sul-africanos de origem européia), que dominavam politicamente - movimento conhecido como apartheid. Na região do Maghreb os negros são minoria, frente à maioria de origem semítica.
Américas


Naomi Campbell, top model inglesa.
Existe uma significativa população negra concentrada nos Estados Unidos. O censo estadunidense considera como "blacks" ou "afro-americans" - o que equivaleria a negro, no contexto brasileiro - indivíduos com alguma ascendência africana, mesmo que tenha também ascendência européia, asiática ou indígena, com exceção dos miscigenados de origem latina, que constituem um grupo racial à parte. No Caribe, a maioria da população é negra ou mestiça. Outros países com importantes minorias de negros, além do Brasil, são a Colômbia, Venezuela, o Peru, o Equador e o Uruguai.
Europa
Nas últimas décadas, a população negra na Europa tem crescido consideravelmente, especialmente em países como a França, Países Baixos e o Reino Unido. Isso ocorre em função da migração de povos africanos e caribenhos colonizados por franceses, neerlandeses e britânicos, em geral buscando melhores condições de vida. Outros países como Portugal, Suécia, Espanha, Itália e Alemanha também têm recebido ondas imigratórias negras.

Ásia e Oceania

Os povos de origem dravídica, nativos do sul da Índia, têm a pele escura, entretanto, possuem o fenótipo (antropometria) distinto dos negros africanos que, entre si, possuem já numerosos fenótipos distintos, relatados em abundante literatura etnológica dos séculos XIX e XX.
O mesmo ocorre com os povos melanésios e os aborigenes australianos, que embora sejam comumente chamados de negros, também eram classificados num grupo racial à parte conhecido como "Australóides".

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